Sportinguistas sofrem como poucos
Se há adeptos em Portugal que sabem bem o que é sofrer, são os sportinguistas. Nos últimos 41 anos foram campeões apenas por três vezes (1999/2000, 2001/2002 e 2020/2021) e, mesmo nas épocas em que foram mais fortes do que todos os adversários, houve sempre sofrimento: em 2000, com Augusto Inácio, campeões na última jornada; em 2002, com Laszlo Boloni, campeões na penúltima; em 2021, com Rúben Amorim, campeões na antepenúltima.
Porém, mesmo nesta última temporada, houve sofrimento em muitos dos jogos. Quase metade das 26 vitórias foram alcançadas pela margem mínima (1×0, 2×1, 3-2 ou 4×3, por exemplo): sete por 1-0 e cinco por 2-1. Além disso, nada menos de nove vitórias (duas com Santa Clara, duas com Gil Vicente, mais Farense, Benfica, Tondela, SC Braga e Nacional) e dois empates (FC Porto e B SAD) foram alcançados após os 80 minutos. Nada menos de 22 pontos conquistados nos últimos 10 minutos (mais compensação)!
É evidente que golos aos minutos 1, 15, 45, 75, 90 ou 90+20 valem o mesmo e têm a mesma importância. A diferença está no sofrimento de treinador, jogadores, adeptos e dirigentes. Assim, ganhar por 3-1 em Alvalade, ao Gil Vicente, com golos aos 83’, 84’ e 90+5, como aconteceu em 2020/2021, vale os mesmos três pontos de ganhar em Guimarães por 4-0, mas com golos aos 11′, 43′, 55′ e 79′, como se registou igualmente na época do último título. A diferença, repete-se, está no sofrimento.
Se olharmos para todos os jogos de Rúben Amorim em três anos e meio de Sporting, ou seja, contabilizando Liga, Taças da Liga e de Portugal, Supertaça Cândido de Oliveira e provas da UEFA, contabilizamos quase um terço de vitórias magrinhas, com a maior percentagem a surgir, precisamente, na época do título: 15 em 53 jogos.
O Benfica, desde a entrada de Rúben Amorim no Sporting, em março de 2020, realizou 183 jogos e ganhou 44 pela margem mínima . Ou seja, 24 por cento. O FC Porto, no mesmo período, disputou 148 jogos e 34 foram ganhos pela margem mínima. Ou seja, 23 por cento. Bem menos do que os quase 30 por cento do Sporting. Fica claro, pois, que os sportinguistas sofrem muito mais do que benfiquistas e portistas.