Por trás de um craque: A comovente história do pai de Cristiano Ronaldo

Bolas de Ouro, artilharia em Ligas dos Campeões, dribles fantásticos e gols inesquecíveis. É difícil falar sobre Cristiano Ronaldo sem olhar para tudo o que ele conquistou e fez em campo.
Afinal, o português parece fadado ao sucesso, como se fosse uma figura mitológica, igual Midas, já que tudo que ele toca parece se transformar em ouro… em títulos.
Quem o vê em campo hoje tem a certeza que se trata de um craque inabalável, não à toa ganhou o apelido carismático de “robozão”. Mas a história de Ronaldo nem sempre foi assim, sua infância lhe fez suar mais do que driblar qualquer adversário e ter mais incertezas do que qualquer lesão. Mesmo assim ele venceu. Fruto da força de vontade que seu pai nunca demonstrou ter.
O amor de uma figura paterna, inclusive, é algo que, infelizmente, o gajo jamais conseguirá alcançar ou pendurar em sua estante cheia de troféus. Não por culpa dele, que fique claro, mas por conta de traumas que marcaram seu pai e Portugal — que tentava se erguer como sociedade após a árdua ditadura que assolou o país.
A história de José Dinis Aveiro
Em 4 de setembro de 1974, José Dinis Aveiro e seu amigo, Alberto Martins, tomaram o mesmo rumo que muitos portugueses e embarcaram em um avião até a África. Chegando à Angola, pegaram um trem que os levariam até uma vila na Zâmbia, perto da fronteira onde a guerra acontecia.
Dinis participara do impopular conflito que pretendia impedir a independência de Angola. Essa luta da nação africana começou em 1961 e terminou em 1974, embora tenha sido imediatamente seguida por uma sangrenta guerra civil entre os guerrilheiros que haviam tomado o poder — quando o país deixou de ser colônia da nação europeia.
O pai de Ronaldo havia viajado para uma guerra que já estava acabada, onde ele tinha como único objetivo sobreviver. Os homens vindos da Ilha da Madeira já sabiam que o Exército lusitano tinha perdido e que eles estavam lá apenas para entregar a ex-colônia para as vitoriosas forças rebeldes.
De lá, os combatentes português foram levados de trem para Luso, de onde partiriam para variados postos, com ordens para impedirem diferentes facções rebeldes de lutarem entre si. Eles também receberam ordens para escoltar caminhões de comida para as estradas lotadas de minas.
Apesar do batalhão de Aveiro não ter presenciado nenhum conflito, a insanidade começou a assolar os combatentes. Sob péssimas condições de estrutura, eles passaram a sofrer por conta de uma praga que varreu o campo e infectou milhares deles: a malária.
Muitos ficaram doentes, sofrendo com calafrios, tremores e febre que os acompanhavam ao longo das semanas. Como se não bastasse, a comida não resistia a falta de refrigeração do transporte e apodrecia antes de chegar nas bases, o que os obrigava a caçar toda a vez que quisessem se alimentar.